Aspectos Clínicos e Epidemiológicos

A febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e de gravidade variável. Ela pode variar desde as formas clínicas leves e atípicas até formas graves, com elevada taxa de letalidade. A febre maculosa é causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, transmitida pela picada do carrapato.

Os principais sintomas da Febre Maculosa são:

  • Febre alta e súbita;
  • Cefaleia;
  • Hiperemia conjuntival;
  • Dor muscular e articular;
  • Mal-estar;
  • Dores abdominais;
  • Vômito;
  • Diarreia;
  • Exantema.

A Febre Maculosa, se não tratada adequadamente, pode evoluir para quadros graves e levar a pessoa à morte.


Agente Etiológico

Bactéria pertencente à ordem Rickettsiales, da família Rickettsiaceae e do gênero Rickettsia. No Brasil está associada a duas espécies de riquétsia: Rickettsia rickettsii e Rickettsia parkeri.


Reservatório

A Febre Maculosa é uma doença causada pela picada do carrapato


Vetores

No Brasil, os carrapatos de maior importância na transmissão da bactéria são do gênero Amblyomma, sendo segundo Labruna et al.,(2011):

  • Amblyomma aureolatum;
  • Amblyomma dubitatum;
  • Amblyomma ovale;
  • Amblyomma sculptum (Amblyomma cajennense sensu lato)

Os equideos, roedores como a capivara (Hydrochaeris hydrochaeris), e marsupiais como o gambá (Didelphis sp) têm importante participação no ciclo de transmissão de febre maculosa e há estudos recentes sobre o envolvimento destes animais como amplificadores de riquétsias, assim como transportadores de carrapatos potencialmente infectados.


Modo de Transmissão

Picada do carrapato infectado pela bactéria do gênero riquétsia (Rickettsia rickettsii e Rickettsia parkeri). Há também a possibilidade de que a transmissão da bactéria ocorra no momento em que os carrapatos infectados e aderidos à pele dos hospedeiros forem retirados com as mãos desprotegidas, além do habito que se tem de esmagá-los com as unhas, ação que pode expor o homem à hemolinfa dos carrapatos infectados provocando a transmissão do patógeno (FACCINI-MARTINEZ et al., 2014)


Período de Incubação

De dois a 14 dias, com média de sete dias após a picada do carrapato.


Período de Transmissibilidade

Após a picada do carrapato, estima-se que o tempo médio necessário para que ocorra a inoculação da bactéria seja em torno de 4 a 6 horas de parasitismo, mas dependerá de cada espécie de carrapato.


Complicações

Manifestações sistêmicas que incluem edema, anasarca, insuficiência renal, manifestações neurológicas, hemorragias, miocardite, insuficiência respiratória, hipotensão e choque.


Fatores de Risco

Os principais fatores de risco que aumentam as chances de se contrair a infecção por Febre Maculosa são:

  • Viver em uma área onde a doença é comum, como locais rurais ou arborizados.
  • Convivência com cachorro, cavalo ou outros animais domésticos.
  • Se um carrapato infectado se prender à sua pele, é possível contrair febre maculosa ao remover o carrapato, pois o fluido do carrapato pode entrar no seu corpo por meio de uma abertura como o local da picada.

Para diminuir os riscos de infecção, em caso de exposição a carrapatos, siga os seguintes passos:

  • Ao remover um carrapato da sua pele, use uma pinça para agarrá-lo e remova-o cuidadosamente.
  • Trate o carrapato como se estivesse contaminado: mergulhe-o em álcool ou jogue no vaso sanitário.
  • Limpe a área da mordida com anti-séptico.
  • Lave bem as mãos.

IMPORTANTE:  A incidência da Febre Maculosa  é mais comum em pessoas que vivem ou frequentam áreas rurais infestadas por carrapatos. além disso, estar em contato com animais como capivaras, cavalos, vacas e cachorros com carrapatos também aumenta o risco de contrair a doença.


Diagnóstico

Diante de toda inespecificidade da interpretação dos sintomas clínicos a anamnese do paciente é de extrema importância para obter diagnóstico precoce, fundamental avaliação dos fatores de risco e epidemiológico aos quais o paciente foi exposto nos últimos 14 dias, porém para confirmação será necessário a utilização de exames específicos.

Diagnóstico Laboratorial

  • Exames específicos: Reação de imunofluorescência indireta (RIFI) é estabelecido pelo aparecimento de anticorpos específicos, que aumentam em título com a evolução da doença, no soro de pacientes, são realizadas duas coletas, sendo a primeira no início dos sintomas e a segunda 14 a 21 dias após a primeira coleta. Pesquisa direta da riquétsia: Imuno-histoquímica, biologia molecular e isolamento da riquétsia.
  • Exames inespecíficos e complementares: Hemograma e enzimas. Observação: Detalhamento dos exames estão disponíveis na nota técnica 0001/2019FebreMaculosa.

Diagnóstico Diferencial

  • A inespecificidade sintomática do início nos sugere leptospirose, dengue, hepatite viral, salmonelose, meningoencefalite, malária e pneumonia por Mycoplasma pneumoniae. Com o surgimento de exantema, influi-se meningococcemia, sepse por estafilococos e por gram-negativos, viroses exantemáticas (enteroviroses, mononucleose infecciosa, rúbeola, sarampo), outras riquetsioses do grupo do tifo, erliquiose, borreliose (doença de Lyme), febre purpúrica brasileira, farmacodermia, doenças reumatológicas (como lúpus), entre outras.

Características epidemiológicas

A Febre Maculosa Brasileira e outras riquetsioses têm sido registradas em áreas rurais e urbanas no Brasil. A maior concentração dos casos é verificada nas regiões Sudeste e Sul, onde de maneira geral ocorre de forma esporádica. Acomete a população economicamente ativa (20-49 anos), principalmente homens, que relataram a exposição a carrapatos, animais domésticos e/ou silvestres ou frequentaram ambientes de mata, rio ou cachoeira.